quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A disciplina do Amor

Ontem encontrei um livro que um dia foi meu. Um livro que fazia parte de uma coleção que  não completei. E que forma surpreendente e poética de se encontrar um livro de título tão sugestivo...
Meu namorado tem uma banquinha de livros e revistas, um sebo, legal, onde reside e se "entoca" pra pensar e tudo mais. E eu adentro por vezes intempestiva no seu território, universo peculiar que tanto amo. Pois ontem, ao adentrar em seu recinto referido, me deparo com o livro mencionado: "A disciplina do amor", de Lygia Fagundes Telles. Peguei-o com carinho e apresentei ao Renato (nome do meu namorado):
- Eu tinha um livro exatamente igual a este. É, eu tinha este livro, bem igual mesmo.
- Esse livro é teu, Vanessa.
- ? - Ele me disse isso olhando para o livro, meio que fechando os olhos, retomando a sonolência pós-meio-dia, neste calor terrível. Eu imediatamente abri o livro em busca de um indício que confirmasse o que ele disse, pois eu não acreditei que pudesse ser realmente o meu livro. Ao mesmo tempo em que eu tratava de abrir o livro, ele tratava de me dizer que abrisse. Simultaneamente. E lá estava, na contracapa, meu nome. Com data e tudo. Assinadinho, adquirido em 1988. Eu era uma menina e curtia literatura brasileira. Bem, curtia literatura.
- Como chegou em tuas mãos? Incrível! Nem sei como o perdi, pra quem emprestei, e agora está aqui! Veio parar aqui, na tua banquinha! Que poético!
- É, é teu livro, Vanessa. Encontrei ontem, debaixo de outros livros, quando estava limpando as prateleiras.
- Lembra quem te vendeu? Ou foi troca? Lembra quem te trouxe ele? Quem sabe seja pra quem emprestei...
- Não sei, é um cara que passa por aí de bicicleta, com umas crianças...
- Me mostra quando ele passar por aí?
- Tudo bem. Pode levar teu livro.
- Já não é mais meu livro, está contigo, é teu. Seria meu só por ter meu nome? Mesmo que seja como ter sido roubado, não é mais meu...
- Sim, é teu.
Bem, não vou prosseguir no nosso diálogo, que não interessa a ninguém senão a mim, sei disso. Concluo dizendo que ele ficou com o livro, fará melhor proveito, pois tenho muita coisa pra ler e estudar. Embora já não lembre do livro, lembro dele sem saber o que dizia, posso afirmar que é um sinal de Deus, uma benção ele ter vindo parar aqui, assim, de repente, dizendo algo a nós, num momento em que precisávamos deste sinal, deste toque divino de poesia, de Deus. Quero dar uma lida (ou relida) neste livro e então darei minha opinião por aqui. Com tanto livro meu espalhado (inclusive desta coleção de literatura nacional), justo este e logo agora num momento meio delicado, ele surge... Benção. Como não registrar tamanha poesia? Poesia não é apenas a escrita, mas momentos únicos. Preciso de mais disciplina e certamente aprender mais de amor, pois sem ele eu nada sou. Deus é amor.

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2 comentários:

  1. Não sei o seu pensamento sobre isso... Eu tenho (ou tinha) livros que de repente sumiram.
    Às vezes fico puto, pois sou super ciumento com minhas coisas. Mas... livro.
    Num país onde pouco se lê, que meus livros levem sonhos, aventuras, desejos, a outras pessoas.
    E, para quantos mais pares de olhos ele fizer morada provisória, que seja bem aproveitado.

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  2. muito bom ...quantos livros esquecidos existem porai esperando ser encontrado...

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